terça-feira, 30 de março de 2010

Uma vez dei um tiro nas minhas próprias costas...
Ao inicio... nada... não conseguia sentir nada,
fiquei totalmente anestesiada sem saber os porquês
desse ato totalmente burro e injusto com as partes...
Então cai e cai e cai incessantemente, o chão frio e duro
demorou algumas horas para aparecer e ser sentido,
depois sentia um liquido espesso e quente escorrer
pelas minhas costas e partes do meu corpo...
Era o sangue, o puro e sujo sangue...
A essa altura as lágrimas corriam pelo meu rosto
e caiam ao duro chão...
Eu sem conseguir me levantar entrei em desespero,
fechei os olhos e pedi incansavelmente que tudo
aquilo não passasse apenas de um pesadelo...
Ao abrir os olhos vi que era inútil, pois o tiro estava lá...
A dor que agora resolvera também aparecer
para "completar o quadro"
era incansável... insuportável...
Gritar por socorro? Foi o que pensei...
Inútil... ninguém podia me ouvir...
Tentar me levantar? Pior do que a primeira...
A força com que a dor se instalou em mim
parecia até de outro mundo...
Ainda estou aqui... deitada sobre o chão maciço...
O tiro sobre as minhas costas permanece aberto
em carne viva... ensanguentado... dolorido...
A cicatrização passa por processos
lentos e cansativos... eu dei o tiro...
Uma vez dei um tiro... Nas minhas próprias costas...

Nenhum comentário: